Sucessão

Aterro Sanitário - Observações e Sucessões.

Para que possamos entender como funciona a sucessão ecológica em um ambiente como o aterro sanitário, vamos nos aprofundar um pouco nos processos do seu interior e como se divide um aterro sanitário.


Imagem meramente ilustrativa.



As partes básicas de um aterro, conforme mostrado na figura acima, são:
-   sistema de revestimento: separa o lixo e o chorume subseqüente do lençol freático ;
-   células (velhas e novas): onde o lixo é armazenado dentro do aterro;
-   sistema de drenagem da água da chuva: coleta a água da chuva que cai no aterro;
-   sistema coletor de chorume: coleta a água infiltrada através do próprio aterro e contém substâncias contaminantes (lixiviação)
-   sistema coletor de metano: coleta o gás metano que é formado durante a decomposição do lixo
-   cobertura ou tampa: lacra o topo do aterro
Aterro Sanitário - Laguna. Divisão em camadas. 05/11/11
Cada uma dessas partes é projetada para tratar problemas específicos encontrados em um aterro. Ao abordar cada parte do aterro, vamos explicar como o problema é resolvido.


Sistema de revestimento

O grande objetivo de um aterro, e um dos maiores desafios, é conter o lixo de modo que ele não cause problemas ao ambiente. O revestimento evita que o lixo entre em contato com o solo externo e, principalmente, com o lençol freático.
Em aterros de resíduos sólidos urbanos, o revestimento normalmente é algum tipo de plástico sintético durável e resistente a perfurações. O revestimento plástico também pode ser combinado com solos de argila compactados como um revestimento adicional. O revestimento plástico também pode ser envolvido por uma manta de tecido (manta geotêxtil) que evitará que o revestimento plástico rasgue ou seja perfurado devido às camadas próximas de cascalho e rocha.
Imagem meramente ilustrativa. Revestimento plástico, impede o contato do lixo com o solo.

Células (velhas e novas)

Talvez o produto mais precioso e o principal problema de um aterro seja o espaço aéreo. A quantidade de espaço está diretamente relacionada à capacidade e à vida útil do aterro. Caso se aumente o espaço aéreo, pode-se expandir a vida útil do aterro. Para isso, o lixo é compactado em áreas, chamadas células, que no aterro de Laguna contém material de vários dias. Essa compressão é feita por máquinas pesadas (trator, escavadeira, rolo compressor e graduador) que passam sobre o monte de lixo várias vezes. Feita a célula, ela é coberta por cerca de 15 centímetros de solo, que depois é compactado.

Aterro Sanitário - Laguna. Cada camada é um célula. 05/11/11

 As células são dispostas em fileiras e camadas de células adjacentes (cargas). No aterro sanitário de Laguna, atualmete conta com4 células fechadas e uma em andamento, porém já estão construindo uma nova área para depositarem os lixos. Essa nova área fica ao lado do aterro, no mesmo terreno. A estimativa de vida útil desse aterro é de aproximadamente 20 anos, sendo que foi colocado em funcionamento em 2003.
Cobertura ou tampa

Como mencionado acima, cada célula é diariamente coberta por 15 centímetros de solo compactado. Na "teoria' essa cobertura isolaria o lixo compactado do ar e evitaria que pragas (aves, ratos, insetos voadores) se aproximassem do lixo.
Foi observado, no próprio local de pesquisa que algumas partes do topo das células não são cobertas, até porque não seria viável que fechassem partes do topo pelo fato de terem constante movimentação de maquinários entrando e saindo do local.
Em torno de 100 a 150 caminhões por dia passam pelo aterro levando lixos de toda a região da Amurel. Então, sempre uma parte do aterro fica exposta ao ar livre.
Percebeu-se que havia uma grande população de aves, garças, gaivotas e urubus. No caso de algumas espécies, aquele terreno exposto fez que elas saíssem de seu habitat de origem, próximos a rios, lagos, e estuários e passassem a habitar aquele espaço pela oferta e facilidade de alimentos oferecida por lá.

Chorume

Pelo sistema hidráulico  a água infiltra-se através das células e do solo no aterro. Ao se infiltrar pelo lixo, a água carrega contaminantes (produtos químicos orgânicos e inorgânicos, metais, resíduos biológicos da decomposição). Essa água com os contaminantes dissolvidos é chamada de chorume.
Para a coleta da chorume, canos atravessam todo o aterro. Esses canos drenam o líquido para um cano de lixiviação, que levam o material para um tanque coletor de chorume.
 

Aterro Laguna - Tanque de Chorume bruto - Fotógrafia: Camila de Bem Orige


Tanque de Chorume - Aterro Laguna 05/11/11

O chorume deve passar por uma pré-captação em drenos e conduzido a tanques de equalização para reter os metais pesados e homogeneizar o efluente, em seguida deve ser conduzido à lagoa anaeróbica onde bactérias vão atacar a parte orgânica, provocando a biodegradação.
Um importante passo, para complementar a biodegradação, deve ser compreendida de um tratamento terciário onde o chorume deve ser conduzido à lagoa facultativa para tratamento anaeróbico, podendo em seguida ser descartado, sendo minimizado os danos ao meio ambiente.
Tanque de Estabilização do Chorume - Aterro Laguna. Fotografia: Camila de Bem Orige
Na última etapa, a decantação, é onde há formação de lodo. Esse lodo vai para o leito de secagem, que possui um filtro de areia.
Últimas etapas do tratamento de Chorume - Aterro Laguna 05/11/11.
  
Depois de seco, o lodo (compostagem) retornará para o aterro. O chorume, já pré-tratado, é lançado no rio em um córrego. 

Aterro Laguna - Amostra do Chorume tratado e bruto. Fotografia: Camila de Bem Orige
Consequências da implantação do Aterro

Esse líquido que é lançado no rio é rico em substâncias orgânicas, quando em maior quantidade podem mudar completamente a cadeia naquele local.
É possível haver eutrofização, que é o fenômeno causado pelo excesso de nutrientes, onde há o aumento excessivo de algas.
Imagem meramente ilustrativa - Eutrofização de Lagos.
Estas, por sua vez, formetam o desenvolvimento dos consumidores primários,  e eventualmente de outros elementos da teia alimentar nesse ecossistema.
Este aumento da biomassa pode haver a diminuição do oxigênio dissolvido provocando a morte e consequentemente a decomposição de muitos organismos, diminuindo a qualidade da água e eventualmente a alteração profunda do ecossistema.  Mudanças no aspecto reprodutivo também acontecem, pois haverá super população de espécies e consequentemente afastamento de outras.
Ocasionalmente, se não haver monitoramento, o  chorume pode vazar através de pontos fracos na cobertura e vir à superfície.  Vazamentos de chorume são rapidamente consertados cavando-se a área em volta e preenchendo-a com solo bem compactado para desviar o fluxo do líquido de volta para o aterro.
Vale ressaltar que na época da construção do aterro, o espaço era habitado por gramíneas, viviam mamíferos, aves, e répteis. Portanto a construção causou um impacto naquele lugar, e os animais que alí habitavam migraram para outros lugares.

Imagem meramente ilustrativa - Instalação de um novo aterro. Os animais que aí viviam tiveram que se delocar.
Um grande problema de instalar um novo aterro é que conduzirá à perda irreversível da vegetação existente no local. Na Fauna, na fase de construção será as atividade de desmatamento e decapagem que darão origem aos impactes negativos mais significativos.  Assim, no que diz respeito à fauna prevêem-se na fase de construção, efeitos negativos, diretos e permanentes, devidos à perda de eventuais locais de nidificação/reprodução das espécies que ocorrem na área, decorrentes das atividades de desmatamento, decapagem, limpeza do terreno, movimentação de terras, abertura e pavimentação de vias de acesso e construção dos células.
Imagem meramente ilustrativa. Início da construção de célula.
Estas ações implicam a destruição de habitats e provocam o desaparecimento e afugentamento de espécies, nomeadamente aquelas mais sensíveis à presença humana, existentes no local.
Por outro lado, considera-se que os impactos da instalação e posterior funcionamento do aterro é negativo e direto. Os impactos decorrentes das ações de transporte de materiais, circulação de veículos e o funcionamento das máquinas, também têm significância. Portanto as espécies que alí habitavam terão que migrar para outra área. Podemos tomar como impacto também aos atropelamentos que conduzem a mortalidade.
Os impactos negativos sobre a flora afetarão o equilíbrio dos ecossistemas existentes, introduzindo rupturas ou alterações nos processos ecológicos, afetando ou destruindo a diversidade ou estabilidade das populações, espécies endêmicas raras ou ameaçadas, se existirem no local.
Na fase de construção, as afetações sobre a flora e vegetação serão sobretudo resultantes das atividades de desmatação, movimentação de terras e instalação dos aterro sanitário.
O aterro Sanitário de Laguna foi construído em 2003, e tem vida útil de 20 anos.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo Blog.
    Tópicos bem conceituados e de fácil compreensão.
    E muito bom saber que o lixo que produzimos não vai mais pro Tio Preto, e sim, pra um lugar adequado.
    Abraço.

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